Pensamentos sob um Sol Poente
Florescer para a vida, é repensar tudo o que fizemos, tal qual a prática contábil: de um lado valores positivos, do outro, os negativos. O saldo apurado será uma resposta para as indagações quanto às nossas atitudes.
É a fase da maturidade consensual. Não importa a idade. Aliás, você bem sabe, a cronologia não está em nossa pele, em nossos tecidos e órgãos, tampouco no delineamento de nossa face. Ela reside no frescor de nossas ideias, no estar "legal com a vida" e antenado com as mudanças tribais.
Arrepender-se é saber que o saldo foi negativo. Foram inglórias nossas tentativas de acerto.
O perdão surge como um empréstimo que fazemos aos corações que magoamos (se ainda tivermos créditos). Este é o ciclo da vida, a evolução da espécie. Porém não devemos dar guarida às mágoas: elas são toxinas que envenenam nosso organismo. Expulse-as o quanto antes: seja através da música, bons livros e, quem sabe, uma nova companhia.
Endurecer a alma é gravitar no espaço, é ser um mero espectador do tempo, sem alento para vislumbrar a explosão da vida. As amarguras têm seu sentido pois dão um gosto espetacular ao ar que respiramos, depois de dominadas.
Nós somos vida tecendo vida. Entre encantos e desencantos vamos expressando a forma singular dos humanos. O nosso triunfo é sabermos que, quando erramos ou somos enganados, sempre haverá um novo dia para nos restabelecermos. Mais vigorosos e experientes.
Seria triste a nossa vida se tivéssemos a mesma trajetória do sol, diariamente: mesmo com todo seu esplendor, esmaltado e tingindo-nos com sua luz medicinal, não há contraste em seu trajeto. Deve ser chata a sua rotina. Felicitemo-nos por termos o poder de escolha e a vantagem de decidirmos nossa trilha.