Eu, eu mesmo?

Na noite fria, sozinho, cogito.

Se penso, não é porque existo

Nem porque sou bendito,

E sim por apenas ser.

Se vislumbro, ao céu estrelado,

Uma gota na pele a rolar,

É porque ainda amo.

E amando aprendo a viver,

E vivendo aprendo a amar.

Trazer as luzes à vida não é difícil,

O difícil é levar a vida às luzes.

Hoje não penso mais em alegar minhas qualidades,

Mas em esconder meus defeitos do mundo

Para que esse não lapide minha alma

Com suas idéias de etiqueta e perfeição.

Sou quem sou por ser eu mesmo

E por não deixar de ser nas horas inexistentes.

Eternidade me aguarda na mente de quem comigo já teve,

Ou mesmo que não quisesse, mas que consentiu por isso.

Fazer o tempo passar com a ilusão de ser mortal

Não é minha obrigação como ser pensante,

Mesmo que esse legado incomode a humanidade consciente.

Nesse meio termo de quem sou realmente,

Perco-me em minha mente descontente e

Enrosco-me nas garras do inconsciente.

Mas é nesse instante que me lembro de quem sou – ou

De quem pensei que era.

Se pisco os olhos – que de tão conturbados pela sociedade

Se esquivam de ver – aprecio-me na beleza

Da futilidade de estar calado de novo,

Assim como elefante envelhecido,

Que por sua insuficiência de acompanhar seu bando,

Se perde pelo caminho e morre na solidão.

Feliz daquele que fez bem uso de seu tempo,

Pois desse tirou bons frutos e destes,

Saciará sua fome.

Otavio Scalon
Enviado por Otavio Scalon em 30/09/2014
Código do texto: T4981814
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