O que fica
Quando eu tinha 15 anos mais ou menos, descobri esse poema em um exemplar de “Seleções do Reader’s Digest, que meu pai sempre comprava toda vez que voltava de suas viagens. Trazia para os filhos lerem, porque prezava muito o nível de artigos da revista. Meu bom, amado e sábio pai, que nos fazia ler sempre, porque sempre acreditou que o maior mal do mundo era a ignorância. Creio que sua verdade perdura até hoje. –
Ali, junto ao poema na revista, estava a vida de Elizabeth Barrett, a grande poetisa inglesa -- era uma jovem doente, quase inválida, cujo pai a mantinha isolada dos demais – mas que, através do amor do também poeta Robert Browning, conseguiu sair do meio em que vivia e ainda ser feliz e lhe dar um filho. A vida de Elizabeth é por demais conhecida de todos. Mas porque este relato? É que vejo, hoje em dia, ser tão vulgarizado o sentimento do amor, vejo tão inertes as forças interiores que impelem o homem a sair de si mesmo e ir em busca do seu sonho -- qualquer sonho -- que me pergunto em que mundo viviam Elizabeth e Robert – o que os movia? -- Que mundo movia Madame Blavatsky, a percorrer meio mundo por sua verdade? - Que mundo movia Helen Keller, surda e cega, a escrever inúmeros livros, a fazer conferencias, a deixar uma lição ímpar de força de vontade e humanidade? Que mundo moveu Dr. Albert Schweitzer, a deixar uma carreira brilhante na Europa e a ir para a África cuidar dos doentes? E tantos, tantos outros!! --- Que mundo interior existia então "dentro" da raça humana? ----- Aqui, o simples caso de Elizabeth, destinada a que estava a ter um vida inóspita e triste, mas que alguma coisa dentro de si mesma talvez tenha lhe dito: - não, você merece ser feliz! Vá!
Só posso falar por mim mesma, e essas são apenas divagações e reflexões de quem escreve. Mas com sua vida e sua obra poética, chegou -me, desde aquela época, a lição de que pode ser que eu não tenha ganho nenhuma luta, mas que pelo menos tentei ao longo de toda a minha vida. Pode ser que, comparada com a dela, ou com a de milhares de outros, minha vida tenha sido meio página em branco ou com poucas cores, mas, com certeza, nessa página sempre escrevi as palavras de minha alma. Fiel a mim mesma, as palavras de minha alma podem até ter passado invisíveis pelos ventos dos caminhos, mas elas sempre existiram, pelo simples fato de eu caminhar e continuar caminhando.
Eis o poema, um dos mais belos que conheço. Com certeza, eterno.
"AMO-TE
Amo-te quanto em largo, alto e profundo
Minh'alma alcança quando, transportada,
sente, alongando os olhos deste mundo,
os fins do ser, a graça entresonhada.
Amo-te a cada dia, hora e segundo
A luz do sol, na noite sossegada
e é tão pura a paixão de que me inundo
Quanto o pudor dos que não pedem nada.
Amo-te com a dor, das velhas penas
com sorrisos, com lágrimas de prece,
e a fé de minha infancia, ingenua e forte.
Amo-te até nas coisas mais pequenas,
por toda vida, e assim DEUS o quiser
Ainda mais te amarei depois da morte."
autora: Elizabeth Barrett Browning (1806-1861)
imagem: Google
Quando eu tinha 15 anos mais ou menos, descobri esse poema em um exemplar de “Seleções do Reader’s Digest, que meu pai sempre comprava toda vez que voltava de suas viagens. Trazia para os filhos lerem, porque prezava muito o nível de artigos da revista. Meu bom, amado e sábio pai, que nos fazia ler sempre, porque sempre acreditou que o maior mal do mundo era a ignorância. Creio que sua verdade perdura até hoje. –
Ali, junto ao poema na revista, estava a vida de Elizabeth Barrett, a grande poetisa inglesa -- era uma jovem doente, quase inválida, cujo pai a mantinha isolada dos demais – mas que, através do amor do também poeta Robert Browning, conseguiu sair do meio em que vivia e ainda ser feliz e lhe dar um filho. A vida de Elizabeth é por demais conhecida de todos. Mas porque este relato? É que vejo, hoje em dia, ser tão vulgarizado o sentimento do amor, vejo tão inertes as forças interiores que impelem o homem a sair de si mesmo e ir em busca do seu sonho -- qualquer sonho -- que me pergunto em que mundo viviam Elizabeth e Robert – o que os movia? -- Que mundo movia Madame Blavatsky, a percorrer meio mundo por sua verdade? - Que mundo movia Helen Keller, surda e cega, a escrever inúmeros livros, a fazer conferencias, a deixar uma lição ímpar de força de vontade e humanidade? Que mundo moveu Dr. Albert Schweitzer, a deixar uma carreira brilhante na Europa e a ir para a África cuidar dos doentes? E tantos, tantos outros!! --- Que mundo interior existia então "dentro" da raça humana? ----- Aqui, o simples caso de Elizabeth, destinada a que estava a ter um vida inóspita e triste, mas que alguma coisa dentro de si mesma talvez tenha lhe dito: - não, você merece ser feliz! Vá!
Só posso falar por mim mesma, e essas são apenas divagações e reflexões de quem escreve. Mas com sua vida e sua obra poética, chegou -me, desde aquela época, a lição de que pode ser que eu não tenha ganho nenhuma luta, mas que pelo menos tentei ao longo de toda a minha vida. Pode ser que, comparada com a dela, ou com a de milhares de outros, minha vida tenha sido meio página em branco ou com poucas cores, mas, com certeza, nessa página sempre escrevi as palavras de minha alma. Fiel a mim mesma, as palavras de minha alma podem até ter passado invisíveis pelos ventos dos caminhos, mas elas sempre existiram, pelo simples fato de eu caminhar e continuar caminhando.
Eis o poema, um dos mais belos que conheço. Com certeza, eterno.
"AMO-TE
Amo-te quanto em largo, alto e profundo
Minh'alma alcança quando, transportada,
sente, alongando os olhos deste mundo,
os fins do ser, a graça entresonhada.
Amo-te a cada dia, hora e segundo
A luz do sol, na noite sossegada
e é tão pura a paixão de que me inundo
Quanto o pudor dos que não pedem nada.
Amo-te com a dor, das velhas penas
com sorrisos, com lágrimas de prece,
e a fé de minha infancia, ingenua e forte.
Amo-te até nas coisas mais pequenas,
por toda vida, e assim DEUS o quiser
Ainda mais te amarei depois da morte."
autora: Elizabeth Barrett Browning (1806-1861)
imagem: Google