Tantus Metus Uno Tantum Cordi

Andando por uma alameda escura

Meu coração sórdido pesa como chumbo

A dor e a insegurança são meus guias

Não por mim, mas por quem amo

Os guardiões da via crucis me acompanham

A cada passo, esvai-se um pouco minh'alma

Gigantes de medo prostrados nas margens da via

Enquanto ando, meu sopro divino acaba

Destruo eminentemente um futuro

Ou semeio dúvidas que podem mudar tudo

A hora da colheita se aproxima

O goto desce seco e eu escuto

Uma sinfonia de sofrimento toca em minha mente

A agonia dá aos instrumentos o terrível timbre

O coração pesa nos ombros por quem está comigo

A dor aperta e o cobre sangrento o peito cinge

Cabeças rodeantes numa espiral astral

Todas choram pelo funeral magno

Choram as lágrimas de um natimorto

Nascentes do rio das Águas de Março

Afluentes sangrentos fluem por córregos venosos

Barcos carregados de veneno preparam seus canhões

Os batimentos do Sol aumentam em demasia

Os combatentes, presos, lamentam seus grilhões

Viagem sem fim, enfim esvaece-se

Como verso que se abre ao infinito

Termina sem terminar, pois ainda será escrito