O sucumbir

Olhar o distante e se perceber no tempo dissipando. Há um vazio estremecedor no amanhã e as partes não se encontram mais no mesmo lugar tantas vezes cultuado. O ser que sucumbe as dez horas da manhã esperando a morte chegar a bordo da luz do sol, fixa o horizonte sem perspectiva e sem desejo de ser mais nada além do que se é, ou do que se foi no ontem tão cheio da fugaz jovialidade.

O mundo sem trégua, a vida esvaindo-se pelas vias apertadas de um tempo sem expressão, toda verdadeira dor aprisionada entre o desejo se desfazendo e um futuro para o esquecimento. No horizonte o sol nasce cada dia mais vivo e rejuvenescido, mais intenso e presente, o sonho de ser infinito como o sol passa longe de qualquer desejo. No limiar do sucumbir o distante está tão próximo e o próximo é tão doloroso a ponto de estremecer as ideias.

Ontem envelhecemos no futuro e as lembranças para alguns não alcançaram ainda um grau máximo de satisfação, onde nem a frigidez consegue frear um ser impulsionado pela razão, toda satisfação de uma vida plena se isso é verídico pende mais para o lado das emoções, a razão é o equilíbrio, mas o equilíbrio fica terminantemente fora de pauta em um mundo desequilibrado, em mundo assombrado pelo demônio da não existência continua. O sucumbir é um dos nossos demônios particular.

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