Eu nasci...
E talvez tenha sido esse o meu maior erro, ter nascido. Nasci de um ato natural de copula entre dois seres humanos, quando se propõem a viverem juntos e ai, ai é mais que normal depois de várias notes dormindo juntos a fêmea engravidar e nascer um seu descendente ou melhor um descendente desses dois seres, macho e fêmea, que copulando conseguiram gerar um filho. Mas o fato é que eu nasci. Nascido, trataram de me ensinarem seus princípios morais que até então, na época, reinavam como os mais úteis e primordiais para uma vida vitoriosa e saudável dentre os outros nascidos na Sociedade vigente. Crescendo acreditando na bondade daqueles que nos regiam, fui a trancos e barrancos transpondo barreiras e com muito sacrifício cheguei onde estou hoje, numa velhice desacreditada de tudo, isso porque me roubaram os sonhos, os meus sonhos de deixar para meus filhos, um País livre da corrupção e de políticos enganadores que só te conhecem de quatro em quatro anos, quando precisam mais uma vez do seu voto. Ai eu me lembro, eu nasci.
Já vi de tudo o que não presta em nossos representantes legais, legais porque insistimos em coloca-los lá, votando neles mais uma vez. Culpa deles? Não, minha culpa, porque eu nasci e por ter nascido, cresci e preciso votar, pois o voto é obrigatório e como dizem que não se deve anular o voto, dou-lhes mais uma chance, mesmo sabendo que vou me decepcionar de novo. Muitas vezes eu me pergunto, porque nasci? Talvez eu tenha nascido para aprender a ser honesto, votando em desonesto e como deixar de ser honesto já na velhice não é nada fácil, continuo com a minha honestidade, regido por um bando de desonestos. Fazer o que, eu nasci...