Sobre a vida

"(...) por que não uma vida sem estereótipos? Uma vida imprevisível, que a cada momento gerasse expectativa e fosse desafiadora? Não se trata de rebeldia; as pessoas costumam se rebelar para chamar a atenção ou sem mesmo ter nada para propor em troca. É compreensível. Conquistar alguns holofotes no meio da multidão dá uma reanimada no ego de qualquer um. Ou será que isso é simplesmente o que as convenções ditam e nós assumimos como verdade sem questionar? Será que não é a nossa carência de algo mais profundo que faz com que nos contentemos com tão pouco: ser o assunto do dia ou, quem sabe, o motivo da inveja dos outros?

Rebelar-se contra algo negativo (pelo menos do seu ponto de vista) não é algo ruim. Claro que não é fácil solucionar o problema e muito menos agradar a todos. Tentar impor mudanças, ou mesmo propô-las, a quem não está disposto a repensar seu modo de viver é quase perda de tempo. Num golpe de sorte (ou insistência) pode até ser que você desencadeie alguma alteração no modo de pensar do outro (ou ele aceite mais por preguiça de continuar ouvindo você o irritando). E é aí (no que está entre parênteses, anteriormente) que se dá um dos grandes problemas; as pessoas podem até aceitar mudanças com relativa facilidade, mas o fazem sem pensar e, assim, em pouco tempo tudo se transforma na mesma coisa: só mais um padrão a ser seguido.

Por isso não chamo de rebeldia. Não quero propor um novo modo de viver nem nada parecido. Porque, afinal, aí seria só o novo padrão para o qual pessoas entediadas do seu atual fugiriam. Só não posso simplesmente aceitar tudo isso. Não dá. É como imitar tudo que já existiu, só que de um jeito diferente.

O que nos faz diferentes como indivíduos? O que nos faz diferentes como geração? Será que existe algo que nos absolva de meramente passar pela terra e voltar ao pó? (...)"