Sobre O Amor
Como tem sido comum nos meus últimos textos, ou pelo menos naqueles que penso e não escrevo, este será, também, um relato para expressar sentimentos pensamentos que vagam por minha mente e coração, como uma forma de auto-reflexão, de compartilhar e externar isto tudo que carrego dentro de mim. Quem sabe até poderei encontrar pessoas que partilhem do mesmo modo de pensar. Assim, talvez, não me sentirei tão sozinho e estranho neste mundo.
Enquanto estou escrevendo este segundo parágrafo, ainda não dei título a este texto, mas provavelmente incluirá a palavra “amor”, que é o principal, e de certa forma único, tema deste amontoado de palavras. “Amor”. Sim, todos amamos. Há diferentes formas de amar, diferentes tipos e intensidades de amor. Mas vou focar (ou tentar, pelo menos) num tipo mais específico: o amor entre homem e mulher.
Desde a adolescência, quando, todos sabemos, ocorrem mudanças nos corpos e mentes, descobrimos que o amor é preterido, almejado, desejado, procurado. Você que está lendo provavelmente já amou, já declarou amor ou, no mínimo, teve dúvidas sobre se o que sentia era ou não amor. Mas o que é o amor? Existe alguma definição exata? Eu suponho que não. Pois qualquer sentimento que seja, a meu ver, só pode ser definido e mensurado por quem o sente. Cada pessoa vivencia os sentimentos de forma diferente. Mas todos entramos em consenso quando se trata de um sentimento, seja ele de alegria, tristeza, dor ou regozijo. Todos sabemos o que é dor, o que é amor. Sentimos de forma diferente, mas sabemos o que é.
Eu mesmo já amei. Poucos sabem minha história, por isso eu admitir isso pode parecer bastante corriqueiro, mas quem me conhece saberá o quão estranho isso pode parecer. Minha definição de amor? Bem, apenas imagine-se amando alguém que você jamais poderia ter consigo por sete anos sem sequer pensar em outra pessoa. Consegue desenhar esse cenário na sua mente? Era o que eu imaginava como “amor perfeito”. Quando uma única pessoa povoa todos os seus pensamentos, sonhos e predições para o futuro. Quando a voz dela é a única coisa que você ouve de todas as bocas e o rosto dela você vê nos outros rostos. Quando o perfume dela é sentido até quando se está só. Quando seu coração consegue blindar-se a ponto de preferir sofrer por ter visto essa pessoa casar do que machucar outro pobre coração. A quem interessar, o conto “Sete Anos”, de minha autoria, é baseado nessa história de amor de uma pessoa só.
Mas não era especificamente sobre isso que eu queria discorrer. Por mais perfeito que o sentimento que tive pudesse parecer, algo em mim me entristece muito, mas muito mesmo. Já disse em algum poema meu que eu acredito, sim, no amor. Mas não que ele funcione para mim. E é exatamente nesse ponto que eu quero chegar. O amor “dos outros”. Sei que há neste mundo, infelizmente, muita gente como eu. Que idealizou algo, que sentiu algo, que chegou, até, perto de algo (não, isso não aconteceu comigo, as comparações cessam aqui), que até pôde provar algo, enfim, que teve uma experiência com o “amor”. Mas o amor que quero falar é aquele que dá certo. Aquele inimaginável para pessoas como nós, como eu, para mim.
Ao longo da minha vida, que sinto ter sido longa demais, mais do que a contagem de anos indica que foi, vi coisas que magoariam qualquer coração romântico. Magoariam no sentido um pouco “egoísta” e “invejoso”, mas nada mais normal se tratando de algo que todos procuram, almejam. Vi pessoas desconhecidas se conhecendo repentinamente e, dentro de meses, casando, sendo felizes. E isso dura por anos. Vi gente que teve outros relacionamentos encontrando pessoas e, inexplicavelmente, descobrem que são feitas uma para a outra, noivando e mantendo um relacionamento saudável, alegre, feliz e cheio de amor mesmo em pouco tempo. Vi meus conhecidos de infância se aproximando de meus conhecidos de adolescência e conseguindo, em pouquíssimo tempo, encontrar o amor. O amor recíproco. O amor que dá e recebe. O amor que vale a pena.
De fato, o que eu queria tratar neste texto é a rapidez como isso acontece. Pessoas que tiveram vários outros relacionamentos, mas encontram, “do nada”, alguém e um vê nos olhos do outro que “aquela é a pessoa que eu sempre quis”. Sim, eu admiro isso, admiro demais. Se eu mesmo não fosse testemunha de diversos casos assim, duvidaria que fosse possível, mas é. Eu vi e cri, é possível. Admirável, louvável e possível. Ah, detalhe: para os outros. Por que digo isso? Bem, porque eu me conheço.
Como eu disse, isso me causa um pouco de inveja, por saber que tal fato jamais pode acontecer nesta vida, e egoísmo, no ponto que ainda desejo (em vão) que isso pudesse acontecer. Mas se você teve a alegria de encontrar alguém da forma como citei, fique tranquilo, tranquila, eu torço pela felicidade daqueles que têm a oportunidade de serem felizes. Não desejo o mal para ninguém, nem mesmo para aquele que nasceu para sofrer, ou seja, eu. Espero e desejo o melhor para todo mundo, mesmo que isso signifique que a felicidade jamais fará parte deste meu coração.
Bem, agora que já explicitei parte do que desejava, termino este texto dizendo que, assim como o amor aconteceu de forma rápida (e normalmente acontece assim, sendo explosivo, impactante e maravilhoso – imagino), também espero que isto que sinto, que é o oposto do amor, também acabe da mesma forma. Não espero e nem vejo a menor possibilidade de amar novamente, só desejo que este sentimento finde logo, pois, por mais bonito que seja o amor, escrever apenas sobre o amor alheio, admirar o amor alheio e não poder senti-lo é frustrante. Existência frustrada. E, para ser franco, cansei.
Talvez este seja meu último texto, tudo que falei aqui era exatamente tudo que eu precisava botar para fora. A dor não vai amenizar, o amor não vai surgir e nada vai melhorar, mas é um alívio. Parabéns a vocês que podem ter o que não tenho. Não sintam pena. Não sintam nada. Ou abominem-me. Se repulsa é todo o sentimento que posso causar, que seja o que lhes causo. Obrigado e adeus.