Caminhando

Todas as vezes que parei para pensar sobre minha pessoa, me deparei com uma alto piedade, um sentimento totalmente cruel e tenebroso.

Carregar a dor no peito é como suportar o mundo nas costas com uma pequena cidade embaixo dos pés, talvez pior, é necessário não transparecer, não demonstrar, não deixar visível as horríveis e torturantes espinhas que são cravadas no peito diariamente, pois ninguém sabe mais da tua dor do que você mesmo.

As vezes quando a dor está insuportável paro para pensar e refletir sobre tudo o que poderia estar me levando a tal situação!!! Mas a maioria das vezes tudo que eu consigo ver de longe em uma neblina totalmente densa e concentrada é uma menininha perdida no meio do nada, um frio congelante soprando contra seu corpo desagasalhado, caminhando sozinha no meio do nada e desnorteada, buscando se encontrar no meio de um deserto de gelo.

Vejo uma menininha fraca e desprotegida, ferida, que por onde passa vai deixando seus rastros de sangue de feridas que não se podem tocar para cuidar.

Enxergo uma garota totalmente desesperada e rebelde, mas vejo também um ser humano precisando de cuidados e carinho, um ser humano que foi em busca de compreensão sem sucesso, onde buscou muitas e muitas maneiras de se entreter, buscando seus ideais e amor, em um mundo ou lugar onde ninguém pode parar para escuta-la ou até mesmo ampara-la.

É assim que me vejo quando paro para tentar encontrar o motivo de tanto desespero guardado, é assim que me vejo quando paro para imaginar o que poderia estar dando errado.

Muitos tolos me dizem que sou fraca, mas ninguém sabe o que passei pra chegar até aqui, mesmo depois de milhares de vezes olhar pro céu e implorar para o dono da vida preparar meu espírito para salvação e me levar.

Ninguém sabe dos espinhos que pisei, ninguém sabe o tamanho do caminho que prossegui mesmo com feridas abertas, ninguém sabe quantas vezes tive que estacionar em um lugar escondido para não deixar com que me encontrem e acabem de me matar.

Ninguém sabe quantas vezes no meio do caminho eu cai com o rosto no chão e permaneci até o conseguir ter forças novamente para continuar a jornada. Nem sabem quantos espinhos foram cravados no meu peito ao longo da jornada, quantas vezes enfiei minha própria mão em minha carne para tentar estancar o sangue e tentar amenizar a dor dos espinhos venenosos.

Ninguém está sujeito a escapar dos caminhos que a vida pode te levar.

Beatriz Uyara
Enviado por Beatriz Uyara em 14/09/2014
Reeditado em 09/03/2015
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