Esperando meu ônibus
Sabe, eu estava na calçada esperando meu ônibus. Era na frente de uma linha de trem, um pontilhão. Haviam pessoas lá em cima, um casal, se embriagando num sábado a noite. Eles saíram dos trilhos quando começaram a ouvir um rugido, uma tremulação na linha do trem. Até o asfalto lá embaixo do pontilhao chacoalhava, tremendo os faróis. Eles arredaram para fora do trilho, o trem passou e o álcool quente continuou descendo suas gargantas. Mas estavam de mãos dadas, e aquela imagem dos vagões passando e cortando a iluminação do poste que estava atrás do trem toda vez que um vagão passava por eles e entortava a silhueta do casal embriagado, mostrou que sempre haverá uma brecha em todos os problemas. E como ainda tinha alguma luz ali, eles continuaram seguindo o trilho mesmo depois que o trem passou. Continuaram com o álcool na mão, e eu com o coração mais leve esperando o meu ônibus.