Esperando meu ônibus

Sabe, eu estava na calçada esperando meu ônibus. Era na frente de uma linha de trem, um pontilhão. Haviam pessoas lá em cima, um casal, se embriagando num sábado a noite. Eles saíram dos trilhos quando começaram a ouvir um rugido, uma tremulação na linha do trem. Até o asfalto lá embaixo do pontilhao chacoalhava, tremendo os faróis. Eles arredaram para fora do trilho, o trem passou e o álcool quente continuou descendo suas gargantas. Mas estavam de mãos dadas, e aquela imagem dos vagões passando e cortando a iluminação do poste que estava atrás do trem toda vez que um vagão passava por eles e entortava a silhueta do casal embriagado, mostrou que sempre haverá uma brecha em todos os problemas. E como ainda tinha alguma luz ali, eles continuaram seguindo o trilho mesmo depois que o trem passou. Continuaram com o álcool na mão, e eu com o coração mais leve esperando o meu ônibus.

Luíza Oliveira
Enviado por Luíza Oliveira em 13/09/2014
Código do texto: T4960953
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.