Todas as cores da inexistência
Entre ser branco, preto ou amarelo, francamente, acho que eu preferia ser incolor. É muita ausência de propósito na vida as pessoas ficarem discutindo a cor da pele, as características faciais, o tipo de cabelo, o tamanho da genitália. Tudo isso é um acidente de nascimento, não há qualquer mérito ou desmérito nisso. O que importa realmente é o espírito dentro da forma, a personalidade e sua história. Mas neste mundo das aparências isso não poderia deixar de ser importante, nem de causar polêmicas que, se analisadas com o microscópio da racionalidade, revelam-se apenas contendas de criaturas muito pequenas, sem qualquer destino grandioso pela frente. Vamos nos multiplicar na superfície deste planeta como vermes fervilham em uma carcaça, esgotar todos os seus recursos e nos extinguir quando isso acontecer, num piscar de olhos daquela potência cósmica que chamamos de Deus, que sequer se dará conta disso. Tudo que fomos terá ocorrido no curto intervalo entre o abrir e o fechar de seus olhos, e então teremos todas as cores da inexistência.