Saudade

Eu me lembro quando eu era bem pequena ainda e ficava impressionada com a passagem de tempo, eu me lembro de me assustar quando eu percebi que cada coisinha que eu fazia nunca era igual se eu fizesse outra vez, afinal o tempo continuava indo sem parar... Tudo é de novo pela primeira vez como meu professor de teatro gosta de dizer... E o que sobra do que o tempo levou pra sempre é só saudade.

Saudade essa coisa que pra mim é uma lagarta que anda dentro da gente, vez ou outra ela encosta lá no fundo e bate aquela queimação. Mas como é que a gente mata saudade? Pensando bem não se mata nunca a bendita da saudades, porque afinal ainda que a gente reveja aquela pessoa querida, essa pessoa não é mais a mesma pessoa querida de quem você realmente sente saudade... Claro que você também não é a mesma pessoa que sentiu a sensação que era estar lá naquele lugar que agora é passado. O hoje logo será passado também e a próxima pessoa que você vai ser vai carregar essa lagarta que agora ta se envenenando de isso que agora você vive...

Mas tem dias que, a tal lagarta arde mais... Hoje é um deles, eu sinto falta de tanta gente e de tanta coisa gostosa que um dia foi hábito meu, sinto falta do colorido que um dia eu tive na alma.

Sinto mais falta mesmo é dele!

De quando ele era pra mim a resposta que a vida certamente me deu pra o que eu havia esperado!

De quando ele me abraçava tão forte como se nunca mais me quisesse longe dele!

De quando a gente podia passar uma tarde toda só cantando!

De quando ele tinha tanto amor por mim que eu morria de vergonha, porque ele fazia festa toda vez que me via!

De quando mesmo que eu chorasse reclamando mesmo que fosse feliz demais na verdade ele me olhasse com ternura... Uma ternura com cara de alguma coisa que ia durar pra sempre...

Mas não durou...

Eu morro de saudades, mas de verdade ele mesmo que ainda esteja vivo, não existe mais...