PONTO-LIMITE



 
     Cheguei a um ponto-limite no qual, agora, é nascer de novo ou sucumbir de vez. Prefiro nascer de novo, o instinto de sobrevivência tem que prevalecer, eros  tem que ser mais forte do que thanatos.
     Quando falo de eros, falo de elo amoroso com a vida, que tem que vencer thanatos, pulsão pela morte. Preciso nascer de novo, antes e acima de tudo por mim, para mim: isso tem que me estar muitíssimo claro, em cada segundo.  Tudo o mais, quer venha, quer não, será apenas consequência.
     Vou dizer apenas de uma das coisas que estou fazendo neste sentido: republicando, no Recanto, textos meus que dizem de muitos processos ao longo dos anos: textos-catarse, mesmo, ou se preferirem, textos próprios de autoajuda.Tenho escrito textos novos neste presente momento, mas, boa parte dos postados tem sido mesmo republicações.
     Os que me leem com frequência devem estar a pensar: você escreve e publica textos catárticos há tanto tempo... o que há de novo no que está a nos dizer? E tento responder: De novo, nisso, nada; a única coisa diferente é que tenho tomado algumas atitudes, em especial uma, muitíssimo dolorosa, na chamada vida real, para tentar alterar, neste momento, ao menos internamente, na alma, o possível de certa condição emocional. A verdade é que, quanto a isso, eu não tinha, mesmo, mais nenhuma outra escolha, apesar de saber que, para minha desdita, não sou capaz, efetivamente, de esquecer nada nem ninguém, além do fato de permanecer-lhes, a meu modo, fiel. Seja como for, metamorfoses terão de, necessariamente, acontecer. No momento, sinto isso como uma espécie de  dolorosíssima amputação, que me propus a fazer porque, como disse, cheguei, deveras, a um ponto-limite.
     Preciso nascer de novo. Tem que ser um bom parto. Não sei de quantos meses estou grávida de mim. Ainda não sei. Eis tudo. Boa noite, amigos.