O caminho para autodestruição
Então eles cresceram?
Bebem cerveja, fumam qualquer coisa e entopem
Os narizes com essas porcarias que eles acham necessário.
Um puxa o outro e parece que a plateia próxima a eles acham bonito
Espere um pouco parece que vão aplaudir, essa plateia que acompanha
Vocês desde feto vão aplaudir suas escolhas fingindo não saber.
Então eles agora tomam as próprias decisões?
E de pensar que na época em que jogávamos todos juntos
Estávamos livres desse mundo insano,
Que separa e se apropria dos mais fracos.
Agora eles tomam cerveja, fumam cigarros
e jogam bola com a turma alucinada do bairro.
Eles caminharam dois passos para traz.
Eles parecem satisfeitos,
o proibido satisfaz quem procura, mas deixa marcas
marcas profundas em alguns na plateia que não ousa
aplaudir um desvio de conduta, uma conduta na qual
o chefe maior da plateia traçou com dignidade e zelo.
Talvez eu chore um dia lembrando de vocês quando
Ainda não sabia do mundo, da entrada do labirinto da alucinação.
Quando eles não sabiam do mundo lá fora
Eles corriam
Eles pulavam
Jogávamos bola
E brincávamos todos os dias
E vivíamos
E então vinha a chuva
E dormíamos no calor da nossa inocência
E chorávamos juntos sem parar
Descemos varias vezes a mesma ladeira
Corremos varias vezes a mesma estrada
O sitio a perder de vista
Subíamos juntos na jaqueira
o doce cheiro dos bagos
o mel escorrendo pelos dedos grudentos
e a vida era mesmo grudenta e doce
como os bagos da jaca.
Hoje todos crescidos e responsáveis ou irresponsáveis
Desfrutamos apenas as saudades de um tempo
Sem poluição moral, visual, estomacal, espiritual.
Eles aprenderam que viver é ir além dos próprios limites
Eles agora bebem cerveja, fumam tudo e entopem
O nariz com porcarias que atravessa fronteiras
E fronteiras, cujo, objetivo é a autodestruição.
Eles esqueceram os tempos verdadeiros
Eles trocaram as lembranças pelas cervejas,
Os cigarros e os alucinógenos.