Dia ocre
Os dias estão mais tristes, sem cores e risos, sem nada.
Nada que possa fazê-lo mais claro, mais azul, mais feliz.
Acordei de novo, mas pareço ainda dormir, anestesiada.
Morro cada dia um pouco! Dói! Decepciono-me por ainda estar em pé.
Seria melhor cair na escuridão absoluta, com paredes estreitas a meu redor?
Como é possível imaginar a libertação do sofrimento,
Em uma morte que já existe?
Talvez a outra dilacere um pouco menos.
Essa é a esperança que me resta.
Morri há muito tempo, quando deixei de sorrir,
Do jeito que machuca os lábios!
Quando deixei de chorar por estar triste,
Do jeito que aperta o peito e faz olheiras!
Saudade sinto verdadeiramente do calor humano,
Restou o frio.
Ressuscitaria por meu dia,
Mas ele não quer acordar, nem aquecer.
Ele perdeu a alegria, as cores, os risos...
A claridade de um dia azul.