Dia ocre

Os dias estão mais tristes, sem cores e risos, sem nada.

Nada que possa fazê-lo mais claro, mais azul, mais feliz.

Acordei de novo, mas pareço ainda dormir, anestesiada.

Morro cada dia um pouco! Dói! Decepciono-me por ainda estar em pé.

Seria melhor cair na escuridão absoluta, com paredes estreitas a meu redor?

Como é possível imaginar a libertação do sofrimento,

Em uma morte que já existe?

Talvez a outra dilacere um pouco menos.

Essa é a esperança que me resta.

Morri há muito tempo, quando deixei de sorrir,

Do jeito que machuca os lábios!

Quando deixei de chorar por estar triste,

Do jeito que aperta o peito e faz olheiras!

Saudade sinto verdadeiramente do calor humano,

Restou o frio.

Ressuscitaria por meu dia,

Mas ele não quer acordar, nem aquecer.

Ele perdeu a alegria, as cores, os risos...

A claridade de um dia azul.

Michele Valverde
Enviado por Michele Valverde em 05/09/2014
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