Solidão
Hoje eu a reencontrei pela milésima vez, ela estava vestida de cinza e com um novo penteado. Sabia que ela viria, não tinha como dizer “não”. Eu não pretendia voltar a vê-la, mas o destino nos afrontou, havia decorado algo para dizê-la, mas não tive coragem, vou tentar da próxima vez. Ela me abraçou como nunca havia feito antes, me pedindo pra ficar, logo percebi que ela iria demorar, da ultima vez que a vi, ela estava menor... Duas semanas passam rápido. Vou convidá-la pra dormir, espero que aceite, quero que esta noite passe depressa... Quero dispensá-la pela manhã. Ela brinca comigo de forma brutal, ela é arrogante e impiedosa, porém tem um dom especial, com suas belas canções ela me faz chorar. Acho que gosto disso, mas é tão doloroso que prefiro evitar. Ela me convida pra dançar em sua festa particular, me oferece doces e surpresas, tudo com um toque sutil, tenho medo que ela demore, não a quero por mais de uma noite. Vou fingir que não a vejo, vou tentar ignora-la, vou fazer de conta que nada aconteceu... Quem sabe eu consiga desaponta-la. Vou pedir um abraço de despedida, tentarei ser discreto e formal. Vou fazê-la uma proposta, mas antes vou saciá-la. Quero fazer com que nunca mais volte. Não fizemos planos para esta noite, então vou esperar até as duas horas e daí vou apagar as luzes. Ela é como uma doença incurável, jamais me deixará em paz... Volta e meia ela me aparece batendo na porta, vou lhe propor que me esqueça que não volte a me encontrar, vou dizer que tenho alguém e assim vou procurar... Algo que me tire a atenção, só assim vou fazer sair de mim, essa tal de solidão.