SOBRE A CUMPLICIDADE NA RELAÇÃO...
 
A primeira absorção pessoal, com analogia ao outro, é saber-se apenas metade da parte integrante de uma relação de cumplicidade, porém sem que haja, no comportamento de cada uma dessas metades, o expresso desejo de possessão. Na conquista pessoal, quando o objeto envolvido é aquele que se habitua a identificar como sendo de origem humana, o melhor a fazer é colocar-se no lugar do outro e analisar se o outro gostaria de ser controlado, dominado moralmente na metade que lhe pertence dentro da relação, ou se o melhor mesmo é aproveitar, na unidade coletiva de afinidades, os períodos em que sobram lumes e ardores, isto, antes da chegada das intermitências afetivas coletivas. Saber-se, pois, consciente de que cada metade tem direito ao crivo pessoal e intransferível de sua unidade – mesmo que ela se dê dentro de um espaço onde desejo e prazer se fundem num só verbo, pode – e deve – prolongar, prazerosamente, o que se convencionou chamar de felicidade. Isto, no entanto, não impede, claro, que cada uma das partes se preocupe com a parte do outro, porém sem pensar, interferir e agir pela parte que não lhe cabe na individualidade alheia, sob pena de diminuir o tempo proposto para as idolatrias e, consequentemente, passar a ver aumentado o tempo destinado às carências do corpo e da alma.

Por fim, o melhor mesmo é vestir-se com o manto do altruísmo, saber-se consciente de que a parte cabível, a cada um dos parceiros dentro de uma relação, é mais do que suficiente para se dar um grande presente à alma e, com isso, aproveitar ao máximo o ápice da conjunção lasciva existente entre um homem e uma mulher.





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Raimundo Antonio de Souza Lopes
Enviado por Raimundo Antonio de Souza Lopes em 02/09/2014
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