Estado dualista
Se não formos míopes, não ficarmos pela superfície e formos bem ao fundo da questão, não será que toda a violência, conflitos e problemas que há no mundo, e que tanto lesam os humanos, os animais e o próprio planeta, se devem à crença na separação e desconexão entre nós e os outros, com o consequente egocentrismo, medo, insegurança, avidez e hostilidade? Não será daí que, em primeira e última instância, vem toda a ganância e competição desenfreada entre indivíduos, grupos, empresas e nações com os consequentes problemas sociais, ambientais, económicos e políticos que deixam o mundo numa crise sem precedentes e à beira do colapso? Não será que a raiz de todos os nossos problemas radica assim no estado dualista em que estão as nossas mentes? Será que isso se pode mudar por decreto e por via jurídica, política ou económica? Parece evidente que não e que resta apenas um caminho: mudar a mente e o estado de consciência individual e global. E só conheço uma via para isso, que dispensa qualquer crença, doutrina ou ideologia: a meditação, simultaneamente reflexiva e contemplativa. Ela é já o invisível mas decisivo início da acção esclarecida e não-violenta que transforma o mundo transformando a mente que o percepciona e que, vendo o outro inseparável de si, age em consequência, fazendo parte da solução e não do agravar do problema. Na verdade é necessária uma nova palavra para expressar isto: MeditAcção. Há que MeditAgir: a Revolução Silenciosa que, mais do que diabolizar e combater quem quer que seja, faz já de cada um de nós a mudança contagiosa que queremos ver no mundo.