A ARTE DO VÍCIO
Ás vezes nós temos que burlar a natureza das coisas
Para poder sobreviver sem seus tênues e invisíveis bordados...
Olha o caso dos beija-flores, sugando o néctar de plástico nos quintais
Se deixando levar pelas aparências das coisas ao seu bel prazer
Adoçando suas vidas nos bosques artificiais de seus ancestrais
Para poderem isentos da sede e da fome típico dos animais
Descansar sobre o alto junco de seu altar sem estar sepultado...
Pela mão da manhã quando se arvora sua ilusão antiga
Eclodem quais folhas rápidas e ligeiras
Como vírgulas rodopiando quais resquícios no ar
E livres das amarras que escolheu por livre arbítrio...
Vão-se piruetando dentro de um sonho urbanamente dourado
Deixando-se escravizar por entre concretos armados
Dentro da gaiola paradisíaca amplamente iluminada de seu vício...