A ARTE DO VÍCIO

Ás vezes nós temos que burlar a natureza das coisas

Para poder sobreviver sem seus tênues e invisíveis bordados...

Olha o caso dos beija-flores, sugando o néctar de plástico nos quintais

Se deixando levar pelas aparências das coisas ao seu bel prazer

Adoçando suas vidas nos bosques artificiais de seus ancestrais

Para poderem isentos da sede e da fome típico dos animais

Descansar sobre o alto junco de seu altar sem estar sepultado...

Pela mão da manhã quando se arvora sua ilusão antiga

Eclodem quais folhas rápidas e ligeiras

Como vírgulas rodopiando quais resquícios no ar

E livres das amarras que escolheu por livre arbítrio...

Vão-se piruetando dentro de um sonho urbanamente dourado

Deixando-se escravizar por entre concretos armados

Dentro da gaiola paradisíaca amplamente iluminada de seu vício...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 01/09/2014
Reeditado em 01/09/2014
Código do texto: T4944915
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