Entre Saber e Percorrer.....
Na vida tudo é aprendizado, aprendemos várias coisas desde o momento em que nascemos, mas o que importa nestes aprendizados é a forma como nos sentimos em relação a elas. O que deixei gravado em mim? Qual foi o meu sentimento na primeira vez que passei por tal situação? Cresci, virei um adulto cheio de sentimentos gravados pelas diversas situações por que passei. De acordo com as novas situações, pelas quais me envolvo, apenas reproduzo o sentimento a que já estou acostumado. Para modificar algum sentimento que percebo estar me atrapalhando, só através de novas situações que precisam ser aprendidas com outros tipos de sentimento relacionados a ela, pq não adianta ser ensinado, precisa ser sentido.
Você olha para sua vida, para o que está vivenciando e pensa: ele não me ama! Então conversa com um amigo, que reforça a sua idéia, vai até uma cartomante, em algum médium, atrás de respostas que mesmo que ele as dê, não acreditaria. E sai muito satisfeito quando ele diz o que você quer ouvir: “É realmente ele(a) não é a pessoa, vc vai conhecer outra pessoa, etc. O seu ego vibra e diz: eu sabia, eu estava certo! E como é bom estar certo”. Dá um alívio, não tem q se esforçar.
Até que você decide caminhar, agora certo de que estava certo, começa então a percorrer o caminho. Ocorrerão nessa caminhada, vários eventos gerados pelas suas necessidades mais profundas, aquelas que não se quer ver e nem entrar em contato com elas, nessa hora, os acontecimentos o obrigam a ter novas posturas e é aí que eles serão benéficos, porque os farão perceber, vivenciar, sentir, experimentar e com isso gerar uma força vital modificadora, algo que te faz tanto sentido, que começará a perceber o que é a verdade! Nessa hora você abre os olhos, que estavam inicialmente fechados e enxerga, acredita. Tornou consciente: Você o(a) ama! E agora? O que fazer com isso?
Com algum tempo mantendo-se nessa mesma postura, com medo de abrir-se, expressar os sentimentos, medo de ser rejeitado e com um desejo enorme de ser amado, porque é fato que você já o (a) ama. Começa a se questionar o porquê de não dar certo se existe sentimento pela pessoa? Se este(a) continua te procurando, por que não é completo, profundo? Inicia o reconhecimento de que não evolui porque no fundo, você não acredita que ele(a) te ame, todavia, não é porque você não acredita, que isso possa ser a verdade.
Lembre-se de que você começou achando que era isso mesmo e que não era essa pessoa, estava certo disso no início do caminho. Ao continuar vivenciando a relação, nesse durante, descobriu novos sentimentos, de valorização, de respeito consigo e com o outro e até a própria força do amor e quando se sente isso com toda intensidade, não há mais duvida! Você quer oferecer o seu amor para o amado. E como a pessoa a quem você ama, também quer ser amado, vai sentir o calor desse sentimento e ambos perceberão o amor. E louco é quem não quiser receber, porque amor só faz o bem, sem querer em troca e assim inicia todo um processo de transformação.
Então vem o primeiro pensamento: por que eu faço isso? Tá! já sei que eu faço errado, tenho crenças limitantes, mas como mudar? É aí nesse questionamento que reafirmo para vocês que há uma grande diferença entre saber o caminho e percorrer o caminho. Quando se decide mudar o que já sabe que esta te atrapalhando, o que é a causa do seu problema, você já está no caminho e agora já entendeu, só ainda não sabe como fazer, só tem um sentimento profundo, uma vontade enorme de mudar o que não te agrada. Existe um modelo? Como agir?
Penso que o primeiro passo é tornar-se consciente. Todo mundo fala disso, mas o que é manter-se consciente? É observar a situação e olhar o que está no fundo. Exemplo: essa relação está acontecendo na minha vida e o que ela me traz de bom? O que ela deseja me ensinar? Observando isso você verifica que é um exercício para o seu aprendizado. Sempre as relações são um exercício, as relações de amizade, de homem e mulher, familiares, de parceiros, sócios, etc. Mas é um exercício de que? Existem vários tipos de exercício; de perdão, de respeito, do amor próprio, da autoimagem...
O segundo passo é olhar, observar, conhecer aquela pessoa com os olhos da realidade, reconhecendo suas qualidades e seus defeitos, sem criar expectativas, porque ninguém engana ninguém, as pessoas estão ali convivendo, se relacionando e é vc quem cria as expectativas do que gostaria que ela fosse.
O terceiro passo então é analisar o porquê de estar me relacionando com essa pessoa que é tao diferente de mim, ou tão parecido comigo. Para que? Para aprender o que? O outro é a pessoa ideal colocada no meu caminho para a minha realização. Entendendo sua mensagem, aprendo sobre o meu Eu. Olhe de verdade, na realidade, e então vc compreenderá que aquela pessoa esta na sua vida, até enquanto for o tempo daquela aprendizagem. Se não houver mais aprendizado com aquela pessoa, é momento de separarem-se para aprenderem novas coisas com novas pessoas.
Voltando ao seu diagnóstico particular, do que você já entendeu que precisa fazer, deve-se criar coragem e fazer, dar a cara a tapa, ainda que você só enxergue a coisa ruim, mas é preciso fazer. Já sei o primeiro pensamento: eu não vou conseguir! como vou me sustentar? estou acostumada com luxo, não sei viver com pouco, etc.. E quando fizer, vai doer porque você não sabe como fazer, vai ficar puto, vai se arrepender. Entretanto quando começar a sentir diferente descobrirá quem você é, essa força que está dentro de vc. Considerando que tudo está no seu lugar e tudo acontece porque tem que acontecer, ocorrerão várias novas situações para dar mais encorajamento, mais oportunidades de se fazer o que é preciso, de tornar sistemático, até que se de o aprendizado.
Outro exemplo, você conhece alguém, se apaixona, tem medo de falar, já que pra você é difícil e o outro também não fala primeiro. De repente vc pensa: essa relação é um exercício para eu aprender a expressar meus sentimentos, já que isso é tão difícil pra mim! Ótimo, agora você já sabe, está consciente, já analisou a situação. O próximo passo é agir! Assim, você inicia o seu trabalho e começa então a expressar toda sua emoção, todo seu sentimento, se em algum momento, não vier o retorno do parceiro, pq ele não quis, não aceitou ou não retribuiu. A questão toda, nesse caso, é justamente o aprendizado. Ao invés de sentir-se fraca(o), observe que aprendeu a expressar suas emoções. Ele(a) não retribuiu, porque estava ali para não retribuir mesmo, para que você aprendesse, o aprendizado era seu. Quando você coloca em prática o aprendizado, automaticamente dará valor pra isso e conseguirá gerar toda uma vibração que vai buscar no universo, alguém que queira receber essa expressão de afeto, alguém que também vai te doar o que vc quer tanto receber. Mas agora existe uma diferença! Você já sabe fazer.
O último passo e não menos importante é a modificação das crenças como exercício diário, realizando várias visualizações do que você quer e gostaria que fosse a sua realidade, de forma metódica, sistemática, até que comece a acreditar e essa nova realidade criada por você torne-se tão forte que você a sente, não tem mais duvida, consegue enxergar, sente o cheiro, a textura, .....Então é tudo muito simples e ao mesmo tempo muito louco, porque vivemos tudo ao inverso. Eu penso: primeiro eu tenho que receber pra depois doar. Mas o outro também pensa: eu tenho que primeiro receber pra depois doar. Alguém tem que dar primeiro.
Muito bem, mas e se observei e vi que o meu exercício é sobre respeito, valorização? A coisa funciona toda da mesma forma, e será assim pra tudo. Quando eu começo a me valorizar, me respeitar, o outro provavelmente me respeita. Se ele não proceder te respeitando, entende-se que dali não pode mais ter respeito. Ele foi a tua ponte pro teu aprendizado, e está na hora de seguirem caminhos diferentes. Agora, se dentro da tua mudança ocorrer uma mudança nele, é porque ambos podem ainda seguir, crescer juntos. É aí que se estiver presente, atento, consciente pra isso, observando o sentimento, observará que está tudo muito claro, nós que tornamos a coisa maior do que realmente é, fica tudo muito mais fácil de resolver.
Ao final do caminho terá aprendido a amar, perceberá que aquela pessoa, não te fez sofrer, se não deu certo, ao contrario, ela foi a melhor pessoa, a qual pode promover o teu crescimento, e você o dele, enquanto um aprendeu a expressar o amor, o outro aprendeu o quanto é bom receber amor, se um aprendeu a se respeitar, o outro aprendeu a importância do respeito, então não há vitimas ou algozes, existe oportunidade, e assim entendemos que tudo está no seu lugar, mas que só vamos ter entendido o caminho, quando chegarmos lá.
Não estou dizendo que a realização é fácil, porque ninguém aprendeu isso, ninguém disse na escola, dentro da sua casa. Ninguém te ensinou e na verdade também não ensinaram aos nossos pais. Estamos percorrendo o caminho, descobrindo tudo isso no “durante”. Só chamo a atenção, para que sejamos os primeiros a tornarmo-nos conscientes, enfrentemos os nossos medos para podermos ensinar os nossos filhos e estes, aos filhos deles, e assim possa haver relações mais prósperas, saudáveis, acolhedoras, de maior envolvimento, oferecendo todo amor, respeito, companhia, amizade e ambos possam crescer juntos cada qual com a sua individualidade e seu aprendizado.