Insana lucidez.
A embriaguez confundida.
Um estúpido copo de sossego.
A chuva de lembranças faz os pingos densos tocarem a janela da alma.
Uma parte que se desdobra como um origami.
Todas as palavras ouvidas na madrugada.
Um estágio qualquer em que a mente adormece.
-Você grita comigo e eu não posso responder!
Luz branca que ofusca a escuridão contida.
Restos da morte, nos rastros perdidos.
Passado ludibriado.
Algia de outrora.
Sorrisos entre olhos chorosos.
Extasiada até o âmago.
Algo que lhe condena.
Subitamente culpada!
Algo perdido toma conta da sã consciência.
- Você grita comigo e eu não quero responder!
Ela acreditou e suas crenças foram estupradas.
Tudo fora embora.
Cinzas coloridas encheram-lhe a boca e os ouvidos.
Uma aberração presa num colar de pérolas.
Falsas ideologias.
-Grite comigo, por favor!
Respiração ofegante.
Entre os dentes aquela camisa cheirando a pele excitada.
Um jogo de mãos e pernas.
Uma maldita sintonia de unhas, dedos e línguas.
O fogo queimando sem gastar combustível.
Erosão de sensações. Múltiplas.
Compulsivas.
- Lascívia!
Sonho ultrajante.
Voluptuosa vontade de morrer de amores.
Suor e sexo, inalados como uma droga.
Anjos e demônios seminus exalando a tentação.
-Olá, você não pode me controlar!
(...)
E dentro de nós, ela manipula o tempo. Incessantemente!