Sem barracos, mas ainda assim ferido

Parece, talvez, errado escrever de novo sobre meus problemas com as pessoas que fazem questão de serem chatas, desagradáveis, desrespeitosas. Mas descobri que escrever pode ser (e está sendo) uma boa válvula de escape para aqueles que são tão sensíveis ou suscetíveis como eu. Que me desculpem os leitores se atualmente só tenho motivos para escrever assim...

Desde ontem que entrei numa fase mais ativa em um determinado setor de minha vida. Desde ontem. E hoje, passado apenas um dia, já tenho "n" motivos para reclamar. Claro, claro, reclamar não resolve. Começo a ver isto agora, com algum pesar.

Eu, que já havia trocado a agressividade pela combatividade, hoje troquei esta pela passividade. Fiquei passivo diante do mau caratismo que me impuseram impunemente. Palavras ásperas me foram ditas debaixo de uma mal-disfarçada brincadeira de mau-gosto. Não respondi. Milhares de solicitações em pouco tempo, nenhuma condição de atender. Não respondi. Gente que nunca faz nada querendo dar pitaco e atravancando ainda mais os estreitos caminhos em que dão alguma liberdade de ação...

Outras coisitas mais. Não rebati. Não quis desgastar-me. Evidente que prefiro as coisas fáceis. Receita de "pudim de feijoada" é muito mais fácil que informar qual o desfecho de situações mal planejadas. Quem sabe um manjar de bacalhau?

Enfim, tirando a cara amarrada (que isso, virgiano que sou, não consigo disfarçar), não dei maiores demonstrações de descontentamento. Não houve barraco, nenhum juízo de valor a ser feito. Com esforço venci meu lado intenso que não permitia a resignação.

Infelizmente, restaram apenas os rescaldos de meu incêndio interno... em que, a contragosto, estou mexendo. Planejo agora, no auge da gastura, doces vingancinhas. Cumprir-se-ão? Não sei.

Sei apenas que com ou sem escândalo, a cada dia, aumenta mais a dor de ser alguém lúcido no meio da corja de alienados e falsos. Aumenta a certeza de estar gravemente ferido em meu interior.

Mudar. A partir de hoje, mais que nunca, preciso aprender a conjugar este verbo. E, nesse aprendizado, redescobrir o sabor de viver plenamente.