Recaída

Não vá-te embora daqui por enquanto, eu lhe peço. Fica, nem que só por mais um dia. Uma madrugada de insônia, uma conversa desenrolada, um gosto teu a mais para eu lembrar. Esqueça o que sente, que pensa, que quer; apenas respire mais uma vez ao meu lado e não me deixe esquecer do teu sabor. Ah, meu amor, ele é embriagante: tu nem sabes, né? Nem imagina, sonha com que o que sem nem ao menos tentar, faz-me sentir. Faz-me acreditar, arriscar por ti. Então eu lhe imploro, dê-me só mais um segundo. Mais um instante, um momento infinito onde desprendo-me de todos meus medos e dúvidas e pertenço-lhe por inteira. Um toque, assovio, sussurro despercebido: qualquer vestígio teu que tu jogas alimenta-me por eternidades. Só não me deixe aqui, com fome, sede e ofegando por essa humanidade despretensiosa que tu me trás.

Letícia Castor
Enviado por Letícia Castor em 17/08/2014
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