BEM-AMADO SHAKESPEARE:



 
          Mestre bem-amado: minha grande questão não é ser ou não ser; minha grande e desde sempre insuperável questão (de também muitíssimas mais pessoas, certamente, eu o sei) é passar a vida inteira, a vida inteirinha, sendo-não sendo... no inteiro tempo da vida, caríssimo... ser pêndulo e ponteiros para sempre sem saída do relógio que os habita e que os aprisiona. E, simultaneamente, ser o ser com a pergunta: o que seria se fosse pêndulo e ponteiros fora de relógio? Isso é carregar o destino de ator de teatro do absurdo sempre... para sempre... ator sempre e para sempre sozinho na plateia de si mesmo.