ERA UM HOMEM CAPAZ DE TERNURA



 
          Era um homem capaz de ternura; não fui eu que o matei. Ainda que ele me acuse, até o derradeiro dos dias, de tê-lo matado, não fui eu que o matei. A morte daquele homem que era capaz de ternura me mata, há muito tempo, todos os dias, em cada dia. Eu morro, todos os dias, por aquele homem capaz de ternura: aquele homem que eu não matei, ainda que ele pretenda acusar-me por sua morte, até o derradeiro dos dias. Eu não o matei. Eu morro todos os dias em cada dia e há muito tempo, por aquele homem que eu não matei.