Amargo

Ouvia-se uns borrões de vozes, meio negras e com cheiro de café.

Fumaça de separação. Era o princípio de um intervalo constante. O açúcar

dava um sabor menos pesado de cobrança. Era a doçura velada do amor. Uns preferem café puro, só o pó. Ainda não cheguei nesse grau de sensibilidade, gosto do amargo sim, mas a doçura que envolve o amargo me faz esquecer o amargo da existência, pelo menos por segundos. Meio melancólico, mas a vida é cheia disso. Quem diz que a vida é doçura pura, engana-se. O amargo é a essência da vida.

O Borrão é sempre o começo. O borrão da voz negra e com gosto e cheiro de café tocaram meus sentidos, e transformaram em sentimento de fim de sexta. Sentimento amargo, com pitadinhas de açúcar. O amargo da vida traz uma doçura sem total entendimento. Mas com significados saborosos.

Fruta mordida que traz a ideia de que não existe sabor melhor.

08/08/2014

Brígida Oliveira
Enviado por Brígida Oliveira em 08/08/2014
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