Possibilidade da Beleza no Paradoxo da Vida.
Qualquer pessoa, em qualquer lugar, de qualquer classe social, pode desistir de si mesmo, mesmo tendo bons motivos para repensar a vida.
Caminhado entre as pessoas, é possível notar várias assimilações nas relações, não é difícil ver gente discutindo, ferindo-as, entregando-se aos venenos mais distintos da sociedade do espetáculo, entretanto, não suplanta que na trajetória nossa de cada dia, pessoas também se abraçam, rostos ainda refletem inocência, antagônicos se confraternizam, mendigos repartem o pão, doentes partilham força e adultos choram.
A façanha do terror, por mais abrupta que pareça e cause dor, não sobrepõe ao verso do poeta que sensivelmente pede paz, ao clamor do profeta que denúncia as injustiças, e aos homens que pedem trégua.
Na concepção hobberiana, “O homem é lobo do próprio homem”, ser sagaz, violento, isento de escrúpulos, para justificar sua manutenção no mundo, não obstante o coração segundo o escritor poeta narrado nos provérbios de Salomão dizer que o coração humano é poço de projeções deliberadas, introjeção de culpa, medo e ódio, além disso, é morada de solidariedade, arquiteta novos amanhãs, o que dizer do beijo das crianças? Ou da mão que afaga os passarinhos?
Os vales sombrios existem, faz parte da paisagem, assim como as montanhas íngremes, no entanto, não afugenta a beleza da manhã erguendo cheio de força, de vida. Os relatos bíblicos, não esconde os atos perversos e, não isenta responsabilidades, mas no contexto de tirania, é o local onde o Deus Jesus, resolve se encarnar e se personificar.
Com este paradoxo, de idas e vindas, morte e vida, alegrias e tristezas, frustrações e conquistas, também repousa o sentido da possibilidade de existir.
“Façamos do diferente nosso contato.
Do distante nosso ponto de encontro.
Do nosso coração a sala do perdido e estrangeiro”.
Jesus o Deus caminhante andou ao lado dos errantes, acolheu nos seus sentimentos os desabrigados ofertando-lhe gratuitamente a morada, nutriu a alma e o corpo dos famintos. De fato no paradoxo da vida, esses encontros e desencontros nos deixam perplexos. A despeito das mazelas que produzimos, não camufla a generosidade que criamos.