PÓS MODERNIDADE E SUBJETIVIDADE
As relações humanas e as estratégias de construção de sociabilidades vem alcançado na contemporaneidade um grau de complexidade que compromete as estruturações tradicionais da vida social. Cultura, sociedade e Estado ganham dinâmicas novas que se articulam com a emancipação do individuo frente as dinâmicas coletivistas e um deslocamento das identidades e papeis definidos pelas tradições e inercias sociais.
As reflexões sobre esse novo momento das formas de codificação do real em curso nos grandes centros urbanos do capitalismo contemporâneo tendem a apontar para as novas possibilidades abertas pela hiper-realidade estabelecida pelo impacto das tecnologias digitais sobre nossas representações de mundo e sensibilidades.
Como aponta Luis Carlos Fridman em Vertigens Pós Modernas:
“Em sentido menos apologético do alcance das alterações em curso, surge o diagnóstico da fragmentação da subjetividade contemporânea. No individualismo pós-moderno de todas as conexões do ser, os “certificados de existência” se diluem. A vida torna-se errática pela multiplicidade e pela fluidez, o eu se despedaça nas redes de comunicação, os indivíduos sentem-se investidos de solicitações bizarras na tarefa de inventarem a si próprios, a plasticidade e o pastiche incorporam-se às maneiras de viver, estilos se confundem com as ofertas mais recentes do universo das mercadorias, a unidade se desfaz no descarte sucessivo de intensidades momentâneas e os estados de ansiedade se acumulam. A identidade, e o senso de uma interioridade auto sustentável partem-se em vivências desagregadas ou, para quem não aguenta esse tranco, em insegurança e angustia. A identidade, sob a marca da transitoriedade, nunca se completa. O “medo ambiente”, expressão já presente no debate sociológico, condensa as indagações se o cenário da vida social contemporânea oferece suportes sólidos para a construção da identidade.”
Luís Carlos Fridman. Vertigens Pós Modernas: Configurações Institucionais Contemporâneas. RJ: Relume Dumara, 2000 p. 65
A problemática da falência da identidade explica ironicamente a voga fundamentalista e conservadora que reponde a desagregação das vivencias tradicionais através da apologia de ideais coletivistas e totalizantes de inspiração geralmente religiosa que inutilmente procuram a restauração de um passado irremediavelmente perdido, mas ainda capaz de nos roubar as melhores possibilidades de futuro.