Falta do sentir
Não é por mal que não consigo sentir. Nem eu mesmo sei quando comecei a me sentir assim, na verdade a não me sentir mais assim, apaixonada. Acredito que o tempo é nosso amigo em muitas das vezes, mas em outras ele também se torna nosso inimigo, do amor no caso. Asseguro-te que não era paixão, era amor, depois de tanta declaração, cartas até na era digital e de mãos dadas na rua. Depois de tanto, o meu tudo se tornou muito pouco. É clichê dizer que o problema não é você, sou eu? Mas e quando esse clichê se torna uma verdade? Realmente não posso culpa-lo por não sentir mais nada, não há nada que possa fazer para que volte a sentir tudo o que senti um dia. Não há flores, chocolates, alianças, provas de amor que devolvam a mim tudo o que perdi. Tornei-me fria não só em relação a você, mas em relação a tudo. Nada é mais como antes, é tudo tão pálido e sem vida. Tornou-se banal me sentir mal por tudo isso, mas se fez necessário cada dor que senti, cada lagrima que derramei e cada grito silencioso que dei em meio a multidão. Quis tanto continuar, nós que na verdade nos tornamos um só, só eu sei o quanto quis tudo isso, eu e você. Mas foram os erros, os tropeços e cada vez que tive que respirar fundo e dizer pra mim mesma, afirmar no fundo da minha alma que seria diferente na próxima vez. Mas nunca era. Por nunca ser tive que seguir, mas dessa vez sem sua mão entrelaçada à minha, sem seu abraço no final do dia, sem seu beijo ao me ver, sem seu bom dia a cada amanhecer, sem você. Sem nós.