Se eu parar para pensar, talvez enlouqueça...
Já não confio no tempo como antes, como quando me carregava no colo, á mim hoje é cruel como um pai que rejeita seu próprio gene de sangue, à mim suas horas que era tão curtas, hoje são eternas a frente do espelho olhando meu rosto a contar cabelos brancos, se eu parar para pensar, talvez enlouqueça ao ver que tudo passou, hoje é quinta e ontem mesmo era segunda, foi ontem também que me vi jovem no primeiro emprego e hoje aqui retenho no sossego infernal de minha mente que suavemente me largou, enquanto meu corpo bruscamente envelheceu como as páginas do meu livrinho de bolso, cuja as rimas eram novas e hoje já nem passo os olhos e já lhes sei de cor, tempo me restou escrever de ti como um velho amigo de datas, como um inimigo de séculos, como parte de mim, como algo que sempre me faltou.