Vestes

Estou triste. Venho do pó das coisas não findas, do silêncio das pedras, da cidade amargurada pelas mãos do inquisidor. Venho de um dia cansativo e cruel, de lá, onde tudo fere e envenena e os telhados amontoam-se desordenados e sujos. Venho de onde tudo é dúvida incerta e fria e a indiferença não dá resposta e pisa nas flores dos jardins lenta e melancolicamente. Eis a agonia da esperança que morre sem encantamento nos porões da mente. É preciso trocar as vestes.