Apanhador de emoções
Necessito de um pouco de interesse, mas sei que eles não irão dar-me, pois estarão reclamando sem pausas da dor que nunca sentiram, do amor que nunca tiveram e do futuro ao qual não quiseram.
Assim descobri que basta-me caneta, caderno, além de um pouco de silêncio, misturado com o acaso das letras e com o descaso do mundo.
É, meu bem, talvez eu não seja tão interessante quanto quisera, contudo, faço-me sensível sobre cada detalhe de um todo.
Minhas coordenadas são seguidas por GPS, o do peito, ao qual segue veredas e preceitos, que não me cabe descrever, apenas sentir.
Minha sopa de ideologias são formadas por comoções que me circundam, fazendo-me assim um Apanhador de sonhos, ou talvez, um Ladrão de sentimentos.
Quisera ser sábio, porém, não sou bom com invenções, sou péssimo com números e um detestável leitor de obras dos mestres ao qual nomearam.
Sim, sou disperso, não sigo regras e nem penso rápido, denoto-me um desenhista, ao qual decalca os idílios pertinentes a cada página de um velho caderno.
Sou mais um entre tantos, apenas mais um.
Gostaria de ser um herói, salvar vidas e as almas que na calçada, me dói, no entanto, sou só letras, descabidas, desconsertadas e as vezes destruídas;
Letras de uma longa poesia chamada vida.