Gélida Quarta em Minutos
Sorrisos gelados. Vendaval que penetra na pele e corta seus ossos. Ligeira vontade de voltar para a ociosidade. A fumaça de cigarro misturado ao frio. Ela vindo para algum lugar, indo para lugar nenhum.
História de seus dias que marcam a fase. Um dia isso passa, como tudo passa, como tudo tem passado, como as horas passam... Quarta-feira. Mas ontem era sexta, há dois minutos ela tinha acordado e agora já são seis da manhã novamente. Havia uma hora e ela estava em seus braços e agora já se passaram duas semanas.
O relógio voa. A pele envelhece e não se nota. Pessoas chegam e vão. Folhas caem, folhas nascem, tornam a despencar e desaparecem.
Os dois calados, sentados no tronco da árvore olhando o pôr-do-sol. Ele poderia fazer com que ela não se sentisse sozinha. Proteja-a e leve-a com você. Leve-a embora desse lugar nenhum que ela vai todas as noites, todos os dias. Deixe-a ficar com você em seus minutos de quarta-feira e te fazer um café preto. Leva-a embora, durma com ela.
Vocês irão a algum lugar, deixando a fumaça do cigarro se misturar ao ar frio, voltando pra ociosidade, sentindo o vendaval penetrando em suas peles e cortando seus ossos com ligeiros e grandes sorrisos gelados.