ÁRDUA ROTINA
"Acordo toda manhã, mesmo sem ver, ao menos saber, sei que o céu estará vazio. Não é por medo, mas, por acostumar-me com o nada. É como acordar, e estar dormindo, andar estando parado, calado quando gritando, não faz sentido quando o sentido é o desconhecido. Vivendo numa dimensão na qual uma parte vive, quando na outra morre, uma morte constante. Onde também, em cada rua deserta, abita um "eu", e para cada "eu" que ali abita, julgo-os como julgo a mim, um ego perdido, outro desiludido, um é sonhador enquanto o outro é um fracassado. Farto disso, digo para "eu" ir dormir, acordando assim, numa trémula e delicada realidade, onde, esta realidade é apenas o fardo desta árdua saudade, árdua e constante saudade!"