Me perdi

Nâo sei o que me dói mais. Se é o medo do futuro ou o arrependimento do passado.

De certo as mais cruéis apunhaladas de meus inimigos não doeram tanto quanto as feridas causadas pelos espinhos escondidos dentre as flores que tanto amei.

O vento forte e devastador de certos momentos, não me incomodaram tanto quanto o vento suave, porém frio que gelou minha alma quando eu estive em solidão.

O ódio de meus inimigos e a fúria com que me atacavam nem sempre me magoaram tanto como o desprezo de pessoas à quem eu dediquei a vida, o amor e a confiança plena.

Não sabendo bem que palavras usar, vou usando aquelas que vem à mente. E sinto as vezes meu texto deixar mais dúvidas que explicações na mente de quem o lê.

Mas afinal, que são os escritores além de loucos com o dom de transformar tudo o que é pensamento e emoção em palavras?

É isso que nos move. Isso que nos impulsiona. Isso que nos alivia. No entanto, as vezes, parece inútil a tentativa de deixar na folha minhas emoções, pois, ao término de cada texto sobrevive a sensação de causa perdida, tempo perdido, ideais disperdiçados.

Numa história sem fim segue a continuidade das linhas que a escreve. Numa guerra sem fim , mortes e ferimentos graves dentro de mim.

Morte de fé. Morte de paz. Morte de esperança.

Morte da comunicação de mim para mim.

Já não sei o que me dizer.

Me perdi dentro de mim sem perceber.

Agora resta a confusão e a imensa vontade de achar o caminho de volta.