Prisão dentro de mim
Queria ser sincero comigo mesmo,
Mas, insisto em me enganar.
Na verdade, não quero ser sincero,
E insisto em me enganar.
Se eu for sincero, me encontrarei.
Não quero me encontrar,
Sei que não devo,
Pois tem algo...
Alguma coisa cheira mal,
Há algo errado,
Uma culpa sem fim,
Culpa de não ter realizado um desejo.
Culpa de ter apenas desejado…
E agora não há mais desejo...
Esta culpa sempre presente,
Não tem perdão,
Pois não há culpado,
Mas há culpa…
Onde quer que eu vá,
Me interrompe,
Me atrasa,
Me corrói,
Me confunde,
Me obriga a sorrir,
Quando queria chorar,
Me obriga a abraçar,
Quando queria gritar,
Me obriga a ficar,
Quando queria correr, fugir…
Me obriga a ir,
Quando queria te cortejar...
Paralisia.
Prisão dentro de mim mesmo,
A grade é a culpa,
A porta está aberta,
Não há vigilância,
O sol brilha lá fora,
E ilumina o corredor que leva até lá,
Mas uma força cria uma corrente imaginária,
Que te prende,
Te impede de sair,
E te engana,
Te diz que você está preso,
E você finge acreditar…
Que aqui é o melhor lugar.
E espera alguém para te libertar…
Mas é aqui você conhece,
Lá fora ninguém sabe.
Aqui, morto, ainda vivo,
Lá fora, vivo, viveria?