Referências: o corpo que sente
Passei os olhos em "Conferências: o corpo presente", de Beatriz Sarlo. Carrego comigo lembranças (com sinais de paixão pela relação forma & conteúdo) de alguns tesouros literários que li. Não vou me furtar a repetir teu nome e os dois textos. Com você, Susan Sontag, aprendi e continuo aprendendo, ainda que via tradução (esta "muleta", como quer Umberto Eco em "Como se faz uma tese"), muito, em qualidade, com você. "Esperando Godot em Sarajevo" e "A escrita como leitura". Não sei se é uma particularidade ou defeito ("defeito", cara? Que é que é isso, homem?) meu, mas fato é que tenho um certo apreço por textos femininos. Mente -- e erra feio -- quem nega à mulher o direito à escrita, essa forma de participação socialíssima. Sabem por quê? Porque as mulheres dispõem do coração como um elemento a mais para dar equilíbrio a toda composição textual (verbal e não verbal). Para citar um nome na pintura, mencionarei Frida Kahlo -- um exemplo de superação anímica à dor física. Já voltando à literatura... Susan Sontag me apresentou Robert Walser. Por "culpa" dela eu me interessei por "Jakob Von Gunten", livro escrito de modo impecável: nada ali sobra ou falta à narrativa. No ponto. Ao que me consta, até W. Benjamin comentara, com louvor, este livro de Walser.
Mas voltando a Sarlo... Outra mulher cuja escrita -- mesmo eu tendo, até agora, apenas passado os olhos num e noutro ensaio contidos em "Tempo Presente" -- me interessa. Novamente falo da relação forma/conteúdo. Este ensaio traz informações sobre conferências e um caminho oposto ao que se espera delas no quesito andamento. Finalizado de uma forma inesperada, o texto traz uma mensagem que apenas reforçou a minha ideia acerca de mim mesmo e do mundo em que vivo (neste caso, do mesmo mundo em que vocês: o planeta Terra). No que tange a esta ideia que tenho desses elementos que acabo de citar, registro, para os devidos fins, o meu pensamento:
Meu nome é Wellington Vinícius. Tenho trinta e sete anos de idade e nenhuma vergonha de dizer que estou apto a aprender tanto com quem jamais foi à escola quanto com quem possui um milhão de pós-doutorados.
Obrigado, Senhoras e Senhores. E vamos que vamos.