Não adianta fugir,
neste momento faço a catarse das dores do mundo atraves das palavras
que transbordam através da dor que sinto dentro de mim.
Minha humanidade é tão fragil que deixo exposto meu ponto nevralgico,
meu coração, calcanhar  onde Aquiles foi ferido de morte...

Não adianta reclamar,
neste momento sou somente aquele que põe para fora o desgosto de viver esta vida,
  onde bombas caem e fazem  pensar que num mundo deste viver assim
não faz sentido...

Não adianta,
tentar lutar e resistir a não sentir pois neste momento eu sinto,
e só resta tornar-me um elo entre as palavras  e as dores do mundo,
mesmo que eu não queira, mesmo que não aceite, mesmo que eu renegue, eu sinto estas percepçoes doloridas.

 A  conexão acontece mesmo que eu não queira imaginar,
  a perplexidade das crianças, sentindo as dores das bombas que destroçam seus corpos, das  que sobrevivem sangrando, perdidas, sem colo, sem carinho.
Mesmo que me negue, renegue esta lucidez maldita que me faz enxergar e sentir as lágrimas das mães sobre os corpos dos filhos destroçados,
eu sinto esta dor....
Diante deste pesadelo no qual me debato, estarrecida, vejo as feridas invadirem  meu coração tão sensivel, tão sofrido, tão impotente por  ter que viver e respirar este mesmo oxigenio generoso que alimenta o mundo e suas dores, pecados e falta de amor...

Tenho a lucidez de que o sofrimento do mundo é consequencia da propria inconsequencia do homem repleto de egoismo e desejo de poder,
grupos de dominio destruindo tudo, todos e qualquer coisa para ganhar mais, dominar mais até quando nada mais restar... até quando isto?

Este é o meu castigo ter a lucidez, saber que tenho escolha e  optar para seguir  em frente, para frente, sem olhar para os lados, para trás...,
mas  minha compaixão repleta de humanidade me faz pensar, me faz parar, me faz sofrer,  virar estátua de sal...

 
Mariangela Barreto
Enviado por Mariangela Barreto em 20/07/2014
Reeditado em 21/07/2014
Código do texto: T4889346
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