Quê escrevo?
Há sempre um conjunto destacável de conceitos e jargões que se repetem nos escritos que produzimos. Ele nos diz sobre o que escrevemos, para quem escrevemos e porque escrevemos.
Relendo o que escrevi ao longo dos anos, acho curioso como os textos que fiz acumularam estes conceitos e jargões em uma espécie de pilha de referências.
Hoje, é bem evidente que não falo de amor (árcade), não falo de esperança, nem fé, tampouco sobre dias melhores. Não há métrica, nem recursos linguísticos rebuscados na escolha das palavras.
Neste percurso, minha poesia acumulou aromas graves, escalas pentatônicas e dissonantes, tintas escuras contrastadas com cores metálicas, mundos oníricos fragmentados e uma espiral de luxúria e ódio do tempo e do destino.
Eu gosto do que escrevo.
É como um álbum de fotos desenhado em quatro dimensões. São cristais mnemônicos frágeis à troca de uma simples palavra, mas potentes como um psicoativo ritualístico.
E, pensando enquanto escrevo sobre o que escrevo, me vejo ansioso sobre que outras notas e cores adicionarei à arte de minha vida.