CIGANINHA



 
             Uma ciganinha de mim. Tão linda, tão doce, tão pura! Não podia imaginar nada do que seria, principalmente não podia imaginar a imensidão de tudo o que não seria... de tudo o que nunca poderia ser ... de tudo a que teria que renunciar... por imperativo de destinos todos impossíveis sequer de algo deles de verdade e com alguma clareza dizer.
             Se soubesse que sua vida seria composta só de pequenos e múltiplos fragmentos, ou como um caleidoscópio onde figuras vivem por um segundo e se desfazem sem deixar vestígios...Se soubesse que a ela só pertenceria esta lucidez suicida sem portas para a rua...  sem portas para ruas nenhumas...
          Olho para ela, minha ciganinha, e me vem uma vontade inacreditável, indescritível,  de chorar... mas, não posso. Se começar, não paro nunca mais.