Pelo menos uma vez
Nunca tive muita sorte e também nunca soube interagir muito bem com pessoas. E quando a pessoa com quem tenho que interagir tem algum tipo de importância para mim, eu travo por completo. Uma vez a sorte (que eu nunca tive) resolve me sorrir e, para o meu desespero...
Encontrei com uma das pessoas que mais admiro, mas ele estava de saída, passando rápido, com pressa e indo embora. O lugar lotado e muita bagunça! Eu precisava dizer algo, mesmo que não soubesse que palavras usar ou como contar do meu amor e carinho em tão pouco tempo. Aqueles olhos pararam em mim por alguns segundos. O coração, pulsante, não me permitia nada além de não reagir, ou melhor, ficar chocada. Mas ele continuava a se distanciar aos pouquinhos, até que foi embora, e não voltou a aparecer. Aflita, comecei a andar, correr, não sei pra onde - tentando me livrar da frustração, talvez? Precisava achá-lo, trazê-lo de volta, mas não sabia pra onde ir e muito menos onde chegar.
Tentei encontrá-lo outra vez, mas falhei. O resto do dia foi assim: meio monótono. Desde então, tive aprender a conviver com a vontade incessável de voltar no tempo e tive que aceitar o arrependimento como um velho amigo. Passavam as horas, as semanas, os meses e eu ainda lamentando que poderia, pelo menos uma vez na vida, ter sido útil. Pelo menos uma vez, ter feito algo diferente. Aguardava (e ainda aguardo) ansiosamente o dia em que ele anunciaria o seu retorno. Este dia nunca chegou, ele não vem mais.