Diálogos especulares
Na possibilidade de haver um elemento oposto a tudo o que criamos durante a nossa existência,* aceitemos tal possibilidade. Ou tal elemento já se origina, paralela e automaticamente a tudo que é criação nossa, ou, para findar, ao menos por enquanto, essa minha dissertação, eu diria que, para a decepção daquela nossa primitiva ideia de que criamos tudo, que somos criadores em potencial, registre-se, para os devidos fins, um pensamento diverso a tal ideia: quem nunca se encontrou questionando se tudo o que conhecemos e julgamos ter criado (feito e produzido) durante a nossa existência, não é um reflexo do que existe há muito mais tempo? Talvez aí, a partir deste ponto, desta minha última observação, possamos perceber uma quase tímida manifestação do conceito kantiano de noumenon?
NOTA
* Não arrisco teorizar, ainda mais digressivamente, acerca de elementos opostos a nós mesmos, haja vista que muitos de nós só têm opostos em sua composição; vejo, por outro lado, a partir dessa observação que acabo de fazer, que ser formado por mais ou menos contrários é característico à natureza humana.