SOBRE A PEQUENEZ HUMANA
Embora hoje em dia tanto o modelo cosmológico geocêntrico da antiguidade quanto o heliocêntrico inaugurado por Nicolau Copérnico e consolidado por Kepler e Newton já não expressem nossa imagem contemporânea do universo, o fato é que nossa cultura ainda se baseia na valoração do primado da condição humana como centro de toda existência. As tradições religiosas, que pressupõem essa centralidade através de diversos mitos criacionistas contribuem significativamente para manutenção da falsa ideia de que a vida é algo especial e plena de significação, ignorando a imensidão e mistérios muito mais complexos do universo conhecido que, de muitas maneiras, desafiam o intelecto humano.
A percepção do quanto somos insignificantes, dos limites de todas as nossas possíveis representações e codificações de mundo é um sentimento novo ainda cultivado por poucos.
Lembrando uma famosa declaração de Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na lua,
"De repente eu notei que aquela pequena e bela ervilha azul era a Terra. Eu levantei meu dedão e fechei um olho, e meu dedão cobriu totalmente a Terra. Eu não me senti um gigante. Senti-me muito, muito pequeno.”
Tal pequenez, não se associa a qualquer especulação metafísica sobre a grandiosidade da natureza ou de alguma divindade, mas a constatação simples da complexidade da realidade que não pode ser reduzida a qualquer formula dogmática ou universal. O superficial e o perene define melhor o que somos do que qualquer ilusória profundidade e significado último da condição humana.
Somos efêmeros...