Amor.
O céu está diferente, as únicas estrelas que vejo são faróis de aviões levando pessoas para todos os lugares, pessoas voltando para casa ou indo para muito longe.
A vontade de pegar a carona no avião mais demorado é grande... o que vai para mais longe daqui... será que vale a pena deixar tudo isso? A consciência grita – MAS É ISTO QUE ESTÁ TE MATANDO POR DENTRO – mas será mesmo que é tão ruim assim?
Estamos nus, a deriva no vento gelado, todos os dias, com a face curvada para uma mão deixar um vermelho na bochecha. Estamos fadados a sofrer, mas também a sorrir. As emoções vão e vem, o choro e o sorriso andam juntos... A vontade de recomeçar hoje é maior, maior do que tudo, maior do que o mundo inteiro... E por quê? Porque vale a pena.
A pena é leve, neste caso, penar é algo um tanto gostoso... Se o coração chicoteia a consciência, ela cede, mas o contrario não acontece... O coração não da tréguas, ele diz e rediz, afirma com certeza e não muda seu passo, deixa seu dono louco, entre as lágrimas de sorriso...
É festa hoje, o céu está estrelado por detrás das nuvens, como todos os dias, e eu, envolto em um papel de manteiga, consigo rasgar um pedaço e ponho meus óculos, o mundo estava acabando do meu lado, cedendo as estruturas de ferro e concreto, carne e osso...
Uma salada de sentimentos atormentam minha mente, mas o mundo que havia escurecido me cedeu sua luz após o tiro que dei bem no meio do meu peito. Há muitas formas de suicídio, e eu estava me matando... Hoje, o mundo é diferente. Amanha, ele também será.
Porque eu vou lutar para sempre, eu vou lutar até não ter forças, porque eu sei que posso acreditar nisso, sei que não vai ser em vão nem um segundo de luta, e sei que minha consciência vai ficar mais leve se, depois de ter quebrado o vaso de barro, eu consiga fazer outro melhor ainda, um vaso muito mais forte e bonito.