Degelo
Percebi que não tenho lugar no espaço onde estou, sempre me contentando com o que resta, sendo que nada me restou...
A água gelada que cai do chuveiro banha, lentamente, meu corpo inteiro, provocando-me arrepios, mas, diferente do normal, nenhum gesto arredio...
O frio que entra pela janela, que transpassa meu corpo, chegando à mim pela porta aberta, nada faz em meu ser, pois a frieza já está dentro de mim, e nada mais posso fazer...
Eu já havia desistido... Mas aí você me aparece sorrindo... Eu penso que poderia ter mais resistido... E noto que, pra mim mesma, eu estava mentindo. Porque você se tornou meu astro luminoso, me aqueceu, meu interior derreteu, enquanto me preenchia desse calor gostoso...
Já não sinto mais nada além desse calor. Meu íntimo, sem você, vira ardor. Pois tu és, pra mim, meu astro, minha estrela, meu guia... tu és parte de minha vida. Em tão pouco tempo, me derrete, me consome... em tão pouco tempo, quebrou todas as minhas muralhas. Em tão pouco tempo...
Em tão pouco tempo, és minha. E eu, sua.