Qualquer

Dia quinze, tô sentado num banco qualquer de uma praça qualquer num lugar qualquer, digo "qualquer" por que qualquer pra mim é uma das tentativas frustradas de encontrar nomes no vasto Império dos anos da minha cabeça. A lua joga raios na calçada, a água de algumas poças parece ser prata derretida, um vento bate na minha orelha e um assovio começa a dilatar em meio aos arbustos, assovio que consegue me derrubar por dentro, era a melodia de Chaplin, em tons agudos e fracos vindos da garganta de um velho gordo caminhante vestido de calça marrom, camisa pólo e um grande relógio dourado que fazia a percussão estalando em cada passo firme no chão. Agora posso ouvir, me lembro bem ele passou por mim e sorriu, tivera percebido meu fascínio por aquele momento e sorriu imponente como se estivesse num palco, mas embora meus olhos viciados em cada ação eu não retribui absolutamente nada.