The End
Tela preta, silêncio. Por um momento, tudo escuro.
Sobe a ficha técnica.
Os nomes e funções vão se sucedendo. Que pena. Todas as cenas foram ao vivo. Não foi possível regravar as eventuais incorreções. Se pudesse teria refeito várias cenas; reeditado minhas compreensões.
O sonoplasta me garantiu momentos de audição cristalina, mas muitas coisas não consegui ouvir claramente. Outras finji não ter escutado direito. O figurinista criou vestimentas para todas as ocasiões. O roteirista me deu rotas diversas das quais discordei. As falas me pregaram peças. Quando deveria dizer não disse. Quando falei, melhor teria sido me calar.
E a trilha sonora então! É só ouvi-la e todas as cenas repassam perfeitamente em minha mente. Mente?
O coadjuvante muitas vezes roubou a cena e eu me achando o personagem principal fiquei ofuscado pela sua atuação.
Figurantes haviam vários. Aliás, sem exagêro, milhões.
Talvez o mais incrível é que só agora tomei conhecimento de quantos participaram na produção da minha história. Ilustres desconhecidos garantiram que inúmeras das minhas performances não passassem despercebidas. Outras tantas ninguém nunca ficou sabendo sequer da existência. Existência?
Efeitos especiais não poderiam faltar. Em muitos momentos difíceis eles me salvaram a vida criando soluções que pareciam impossíveis. Até mesmo uma sobrevida.
Senti-me um super herói.
Por fim, (ou por início, não sei bem ao certo) devo dizer que qualquer semelhança com coisas, pessoas, histórias, dramas, situações, aventuras, mentiras, ou manipulações que seja, e ainda com mediocridade, esperteza, serviçabilidade, animalidade, inocência, luxúria, sabedoria, amor, etc., etc., etc., que tenha existido, terá sido (ou será) uma incidência profundamente questionável.