Carta
Era como se eu voasse por um túnel e batesse minha cabeça a cada impulso querendo chegar ao céu, eu vestia uma camisa de seda, na carta coloquei tanta coisa inútil, falei sobre coelhos, sobre aquela velha vizinha italiana, era uma rua sem saída e lá eu vivia bem, tempos de paz. Falei sobre a cobertura daquele edifício onde levara minhas presas, falei sobre o medo da morte, o medo de viver com medo da morte, falei sobre montanhas russas, etnias, marinheiros e sobre o deserto em que eu me encontrava. São apenas gostos, pensamentos sentidos, falei sobre mim.