Entre meus lobos
Preciso escrever, mas não sei o que descrever. Acho que se partir do ponto nevrálgico daquelas palavras soltas e desconexas das frases que são ditas repetidamente por quem demonstra certeza de uma incerteza, o desfecho seria fugaz. Por falar nisso, vamos aprofundar a efemeridade do que se aconchega na poltrona ao lado da lareira desse colmado. O que é já foi e o que se foi hoje é ou o contrário, já que o avesso constantemente mimosea meu paladar com gostos agridoce sonegado de glória. Detenho meus dedos para que não apontem para o norte e, tampouco para sul de onde vem à ventania. Trata-se de uma escolha que nem o destino ousa interferir. É como decidir uma viagem, o difícil não é saber aonde ir, e sim quando partir. Compartilho a minha insensatez de almejar a capacidade de pensar por si só e sem ao menos olhar para os rastros dos pés. Ser desprovida de experiência é quase não reconhecer o perigo da agulha, é ir além do horizonte convicto de quem lhe ajuda. Galgar as vielas desse saber é como varrer as folhas ao chão que de longe atenta valores quanto próximo acabrunha o sabiá. A guerra se avizinha e a paz se acomoda. O retrocesso é inevitável quando o olhar lastra bagagem passada. Aconselho que carregue em sua mala apenas o necessário para sua sobrevivência entre os seus lobos.
- HB