DA VERDADE E DA MENTIRA

NA MANHÃ DE 27 DE JUNHO DE 2014

REPUBLICAÇÃO – Escrita de setembro de 2011 (Apenas o primeiro parágrafo; os demais, escritos nesta manhã de 27 de junho de 2014)

A verdade e a mentira se apresentam, às vezes, tão misturadas, que é preciso se esperar o tempo necessário, não raro muitos anos, para que a mentira, mais densa, se deposite no fundo da vasilha, a fim de que se possa realizar o processo de decantação, isto é, a separação das duas substâncias. Separar a verdade da mentira quase sempre requer, de nós, paciência de cientista; ou de santo.

Para alguns, talvez esse tempo de separação não chegue nunca. Talvez seja eu parte desse grupo de seres para quem tal processo de decantação não mostre resultado porque, tão imbricadas estejam a mentira e a verdade que impossíveis separá-las uma da outra. Talvez seja direito não outorgado a certos (ou melhor, a incertos) de nós, pelos deuses: o direito de separá-las. Talvez. Ai de mim e dos como eu. Ai dos como nós.

Bem, talvez se possa dizer, com algum cinismo melancólico, lúcido, terminal: TUDO É VERDADE. Apenas. E tenho dito rsrsrs.

Será que isto é sina de poetas? Se é assim, ai da vida! Ai da vida! Pobre dela, vida, ai! Espero que não seja a sina de todos os poetas; que não seja a sina de todos, amém.